Por: Adélio Silva - Congregação Batista no Conj. Medici
Assunto: Capítulo 1
Introdução ao capítulo 1
O fato do livro de Apocalipse ser uma Revelação, deixa claro que o seu conteúdo estaria sendo disponibilizado para o entendimento dos leitores, principalmente transmitindo uma mensagem de conforto para tempos críticos como os que estavam vivendo a Igreja perseguida. Envolve também excelente função didática, pois aponta para pontos positivos e negativos da vivência da Igreja, quer seja a Igreja nascente ou a vindoura, ditando rumos que necessitariam ser corrigidos como também expondo pontos dignos de elogios e de destaques positivos.
Não é um livro que deva ser buscando por quem,meramente, anseia satisfazer suas curiosidades quanto ao futuro. Ao invés disso, destina-se a quem prima pela vivência cristã pautada em princípios de pureza, santidade, fidelidade, dignidade. O desenrolar dos fatos, à medida em que fossem ocorrendo, tornariam evidentes as próprias visões entregues ao vidente João pelo Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Para os leitores crentes, perseguidos pelo cruel imperador Domiciano ou quem quer que o sucedeu, a mensagem foi inteiramente entendida, visto que reconfortante. Para a Igreja que vive hoje ou viverá a Grande Tribulação, desempenhará igual papel.
O Livro de Apocalipse, segundo suas próprias repetidas informações, é o único na Bíblia que envolve uma promessa específica de bênçãos para aqueles que o lerem ou ouvirem (Apoc 1:3). Se temos ao nosso dispor uma revelação, é necessário que ela deva ser lida, estudada com cuidado, ensinada, compreendida.
A figura central do Apocalipse: CRISTO
Resumo do capítulo 1. Introdução - (1:1-3); 2. Saudação (1:4-8); 3. Lugar de origem dos escritos (1:9-20)
Exegese do capítulo 1 –
1:1-3 - Introdução
1:1 - Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e, enviando-as pelo seu anjo, as notificou a seu servo João;
....Revelação...Esta palavra, no grego é “ apokalupsis”, ou seja, “revelação”, desvendamento. Aplicada à escatologia, aponta para um desvendamento de segredos daquilo que ocorrerá nos últimos dias. Tal revelação foi dada a João, o vidente, por meio de visões e experiências místicas. A palavra, no grego, é composta pela combinação “apo” (da parte de) e de ”kalupto” (encobrir), significando assim “o desvendamento de alguma coisa”.
”...de Jesus Cristo...” Podendo significar, segundo Champlin: a) A revelação foi dada por Jesus Cristo; b) A revelação é da pessoa de Jesus Cristo; c) a revelação envolve sua volta para breve, sendo este o fundamento principal dos acontecimentos preditos no livro; d) Cristo é a fonte e a origem das revelações de Deus aos homens ; e) Abrange coisas(julgamentos) que sucederão brevemente, com sua “parousia” ou segunda vinda.
“...Jesus..” Esta palavra é uma tradução do nome habraico Jehoshua (ou ainda Josué ou Jesua) significando “ajuda de Yahweh”, ou “Salvador. É uma referência ao lado humano do Filho de Deus e da salvação que através dele vem.
....Revelação...Esta palavra, no grego é “ apokalupsis”, ou seja, “revelação”, desvendamento. Aplicada à escatologia, aponta para um desvendamento de segredos daquilo que ocorrerá nos últimos dias. Tal revelação foi dada a João, o vidente, por meio de visões e experiências místicas. A palavra, no grego, é composta pela combinação “apo” (da parte de) e de ”kalupto” (encobrir), significando assim “o desvendamento de alguma coisa”.
”...de Jesus Cristo...” Podendo significar, segundo Champlin: a) A revelação foi dada por Jesus Cristo; b) A revelação é da pessoa de Jesus Cristo; c) a revelação envolve sua volta para breve, sendo este o fundamento principal dos acontecimentos preditos no livro; d) Cristo é a fonte e a origem das revelações de Deus aos homens ; e) Abrange coisas(julgamentos) que sucederão brevemente, com sua “parousia” ou segunda vinda.
“...Jesus..” Esta palavra é uma tradução do nome habraico Jehoshua (ou ainda Josué ou Jesua) significando “ajuda de Yahweh”, ou “Salvador. É uma referência ao lado humano do Filho de Deus e da salvação que através dele vem.
“...Cristo...”Significa Ungido de Deus ou Messias.
“...que Deus lhe deu...” Deus, manifestado como Pai, é a verdadeira origem da Revelação. Cristo é o Mediador. A Deus o Pai pertencem os tempos e as épocas (At 1:7; Mc 13:32).
“...para mostrar...” Mostrar para que os homens possam compreender a mensagem da revelação e a realidade do poder de Cristo.
“...servos...” No grego é “doulos”. “escravo”. Refere-se aos crentes dedicados a Deus e seu Cristo . Um escravo pertence ao seu Senhor. Nesse caso, refere-se aos servos “ministros” ou “autoridades” da Igreja responsáveis pela transmissão a outros das revelações recebidas. Mas, por extensão, todos os crentes aqui são considerados como servos.
“...breve..” Era crença que Cristo voltaria já naqueles dias. O próprio João deixou claro em Apc 22:20 “...certamente venho sem demora..” O vidente João ou outro qualquer seguidor primitivo de Cristo não esperava que a história da Igreja se prolongasse tanto. A realidade das visões dadas a João foram tão vívidas, que ele pensou já estar vivendo naqueles dias, dando-lhe um caráter de urgência. As Cartas de Paulo aos Tessalonicenses objetivaram corrigir idéias errôneas sobre a urgência da segunda vinda de Cristo.
“...anjo...” Um mensageiro de Deus especialmente mandado para entregar o recado a João.
“...notificou ao seu servo João...” Privilégio de ser o homem designado para transmitir a mensagem das revelações. Os mistérios são revelados aos mansos, aos puros de coração”.
1:2 – o qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, de tudo quanto viu.
“...o qual atestou...” João, o vidente é visto como o instrumento humano usado para testemunhar a profecia que passaria a ser exposta. Profecia urgente, verdadeira e real. Em Apoc 22:8 e reafirma “”Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas...”
“....palavra de Deus...” Não deve ser entendido como sendo as “ Escrituras” do Velho Testamento, nem como “evangelho”. Esta expressão indica “a palavra desta profecia”, isto é, o livro que passaria a ser revelado.
“...testemunho ...” Um sentido mais apropriado é que Cristo é o Testemunho daquilo que possa ser escrito e o tema central do livro. Ainda, a revelação inteira de Deus, agora sendo confirmada por Cristo em toda a sua extensão.
1:3 – Bem-aventurado aquele que lê e bem-aventurados os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.
“...bem-aventurado...” Do grego “makarios”, significando, basicamente “felicidade física e boa sorte”. Este estado de felicidade é concedido pela ação do evangelho na natureza humana, que vai sendo transformada gradualmente. Este bem-estar é prometido a todos os que não negligenciarem os ensinos contidos no livro revelado, estando familiarizados com a vontade de Cristo, que é o Primeiro e o Último. Existem outras bem-aventuranças que serão comentadas no decurso do estudo (14:13; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7).
Saudação: 1:4-8
1:4 – João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz da parte daquele que é, que era,e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do trono;
“...João...” O autor mais provável do livro é João, o vidente, conforme já destacado na parte de autoria.
“...às sete igrejas da Ásia...” Opina o autor Dennis Allan e com ele concorda Champlin: “ Nos capítulos 2 e 3, encontramos cartas endereçadas aos anjos de sete igrejas na Ásia. Tudo indica que eram igrejas reais que existiam naquela época, mas não eram as únicas igrejas na Ásia no primeiro século. Existiam igrejas em outros lugares na Ásia Meno r(atual Turquia): Trôade (Atos 20:5-7), Colossos (Colossenses 1:1), Hierápolis (Colossenses 4:13). Jesus escolheu sete igrejas, talvez como um número completo e simbólico, que representam as caracterísitcas das igrejas da região. Se o livro for levado de uma outra igreja na ordem das cartas, a viagem seguiria assim (distâncias aproximadas): Partindo de Éfeso, indo 65 km ao norte, chegaria a Esmirna, e seguindo mais 95 km estaria no ponto mais ao norte do circuito, Pérgamo. Daí, seguiria a estrada ao sudeste, passando em Tiatira (70 km de Pérgamo) e continuando mais 50 km até Sardes. Seguindo mais 43 km ao sudeste, estaria em Filadélfia. Aproximadamente a 75 km de Filadélfia, chegaria a Laodicéia, a qual ficava numa rota comercial que voltava para Éfeso, onde esta viagem começou”.
Uma interpretação mais vasta nos permite afirmar que, dentro de uma visão histórica, considerando-se a simbologia do número sete, tais igrejas representam também:
a) igreja universal; b) proféticamente, sete estágios da história da igreja cristã até ao tempo da segunda vinda de Cristo;
c) suas condições espirituais das igrejas cristãs em qualquer época da história(interpretação profética):
I- Éfeso (era apostólica)
II – Esmirna (era de perseguições até 316)
III – Pérgamo (era do favor imperial, 316-500)
IV – Tiatira (era da escuridão espiritual, 500-1500)
V – Sardes( tempo da Reforma - 1500-1700)
VI – Filadélfia ( era das missões modernas – 1700-1900)
VII – Laodicéia (era da igreja apóstata - 1900.....)
“...graça e paz...” Uso comum de saudação nas cartas de São Paulo. Cristo nos instruiu a vivermos plenamente a paz que ele oferece.
“...da parte daquele que é, era e que há de vir....” Russel comenta apropriadamente: “ isso se afasta radicalmente das saudações paulinas. Nelas a graça e a paz são atribuídas a Deus Pai, e ao Senhor Jesus Cristo. Aqui, são atribuídas a Deus Pai, o Alfa e o Ômega de toda a criação, eterno, pois ele sempre foi vivo, porquanto “é” e “será” e também são atribuídas ao Filho, nosso Senhor”. Acrescenta mais: “ ...os leitores originais viviam uma época em que os súditos romanos deveriam adorar ao imperador; em caso contrário, eram acusados de traição”.
“...que é...” Refere-se a Deut 32:39 “Eu sou aquele que é, que era e que será; e não há outro Deus além de mim”. É uma extensão das qualificações de Jeová, aplicáveis a Jesus Cristo, o Filho ( Hb 7:3). Cristo é a imagem de Deus ( Col 1:15). Ele é o Conquistador da morte, ou seja, o doador da vida eterna (João 5:25,26).
“...que era...” A eternidade passada de Cristo, que é, como exposto em João 1:1-2 , tão eterno quanto o Pai. A trindade possui atributos associados ao Pai, Filho e Espírito Santo: “eram”, “são” e “serão”.
“...que há de vir...” Isto é, a eternidade futura, estabelecida quando da segunda vinda de Cristo quando sua glória será retratada diante de todos os homens .
“...da parte dos sete Espíritos...” Possíveis idéias: a) Seriam anjos, chamados de “poderes cósmicos”, sujeitos ao controle e ordens de Cristo; b) Seria uma referência às qualificações que compõem o Espírito de Deus, contidas e referenciadas em Isaías 11:2; c) Seria uma ordem “diferente” de criaturas celestiais, diferentes dos arcanjos, presentes na visão em Apoc 4:4-6; d)Ainda outros argumentam que seria uma alusão mística simbólica à pessoa de Cristo, sem se considerar quaisquer seres literais; e) É porém bem mais possível crer que João quis indicar que todos os poderes celestes ( o número sete significando totalidade) estão sob o controle e a autoridade de Cristo .
“...diante do seu trono...” Nas mais elevadas posições celestes, significando sua autoridade e glória.
1:5 e da parte de Jesus Cristo, que é fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da terra. Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados.
“...Jesus...” O Salvador ( Mt 1:21). Somos salvos dos pecados e seus efeitos mais danosos ; salvos da destruição, isto é, da não salvação ou ausência de filiação a Deus.
“...Cristo...” Uma combinação das naturezas divina e humana . Nossa filiação a ele nos permite também participar de sua natureza divina (Mt 1:16; Mc 1:1; I João 4:3)
“...testemunha fiel...” Transmite fielmente a sua mensagem, falando a verdade, revelando a verdade, sem jamais desviar-se de seu propósito. Revela fielmente as coisas que haveriam de acontecer .
“...primogênito dos mortos...” O texto de Col 1:18 confirma esta qualificação de Cristo. Como homem Cristo foi ressuscitado pelo Espírito Santo, sendo o primeiro homem a participar da forma de vida divina. Sendo o primogênito, foi o primeiro de toda de uma raça de regenerados. A lição, para a igreja perseguida, era para que fosse fiel até a morte, e, como recompensa a coroa da vida.
“...soberano(Príncipe) dos reis da terra...” Cristo é o Senhor sobre todos os reis da terra. Os cristãos perseguidos eram forçados a cultuarem o imperador. Cristo ressuscitado, passou a ocupar uma posição superior aos imperadores romanos, tanto em glória como em poder ( Fil 2:9-11).
“...nos ama e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados...” Cristo exerceu uma missão salvadora.
“...pelo seu sangue...” Comenta Russel C: “ a) Interpretando literalmente - Os povos antigos pensavam que o sangue da vítima ficava automaticamente carregado com o poder do deus sobre cujo altar era sacrificada . Quando esse sangue tocava em algo, transmitia o poder e a virtude de tal Deus através de meios mágicos; b) Simbolicamente, representa a morte de Cristo e seus efeitos; c) Místicamente, O sangue de Cristo, nos dando a idéia de sua morte, revela-nos que, em contato com o Espírito Santo, o valor e os efeitos da morte de Cristo tornam-se nossos. Ele purifica as nossas vidas de todo o pecado, nos dando vitória sobre atos pecaminosos.
“...libertou.,..” Éramos escravos do pecado mas agora nos temos tornado escravos da justiça.
“...dos nossos pecados...” A palavra grega usada aqui é amartia, que significa errar o alvo, mas em geral abrange todos os tipos de vícios e faltas. Pecar é afastar-se para longe do caminho da retidão, por isso erramos o alvo final .
Para as Igrejas da época (locais), a vitória da cruz de Cristo representou uma palavra de ânimo aos crentes perseguidos. Não existe fidelidade sem fé e a fé no Filho de Deus, o rei vitorioso, apesar das perseguições cruéis.
1:6 - e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amem.
“...nos constituiu reino...” Há referência aqui à promessa feita em Êxodo 19:6 de que seu povo, Israel, liberto da escravidão egípcia, tornar-se-ia um reino de sacerdotes, uma nação santa (teocracia). Já para o Israel espiritual, a Igreja, o sacerdócio seria no domínio celestial. Cada remido, um rei. Cada remido, um sacerdote. Dá a entender, que o Israel que surgiu com a Igreja, representará um reino de reis que também serão, cada um, sacerdotes.
“...sacerdotes...” Coletivamente, temos no Novo Israel um reino. Individualmente, seus membros são todos sacerdotes. No comentário de Russel C, é interessante a afirmativa de que, no antigo Israel, cada família possuía um sacerdote. Posteriormente, a ação sacerdotal passou a ser exercida por uma única tribo (Levi). Já nova ordem, todos os crentes se tornam sacerdotes, pois, pelo evangelho, foi garantido acesso superior a Deus .
“...Deus...” É o ser criador que existe e se faz presente na vida de sua criação , recompensando ou punindo, intervindo, se interessando pelas vidas humanas (teísmo).
“...Pai...” Como filhos de Deus recebemos todas as bênçãos espirituais, tornando-nos, no estado eterno, participantes de seus atributos ( Ef. 3:19)
“...a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos....” Tudo o que se refere ao Pai, também se refere ao Filho (ler Dan 7:13,14). Os crentes da Ásia Menor e do império romano viviam em perigo constante de vida. O autor relembra, nesta expressão, que no final o poder do mal seria terminado, restando a adoração a quem pertence de fato e de direito ( I Ped 4:11; Jud 25)
“...Amém...” Assim seja, ou : é assim. Vem da palavra hebraica amen.
1:7 – Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.
“...vem com as nuvens...” É uma referência à segunda vinda de Cristo.Alguns pensam que se tratam de nuvens literais e outros pensam que se trata de uma figura. Dizem ainda que seriam os inúmeros exércitos celestiais composto de crentes arrebatados algum tempo antes e que descerão ao mundo juntamente com Cristo.
Opiniões à parte, a verdade é que a inspiração para o vidente foi extraída de Daniel 7:13, onde se lê: “ Eu estava olhando nas minhas visões da noite , e eis que vinha com as nuvens do céu um como Filho do homem...” Na opinião do comentarista Lange “...as nuvens são um símbolo material da presença divina, do mistério divino , parcialmente revelado e parcialmente coberto.” (Mat 24:30). Na história bíblica do VT Jeová se manifesta na nuvem brilhante, chamada pelos judeus de SHEKINAH, ou através de nuvens visíveis como no deserto do Sinai. A opinião mais possível é de que essas nuvens façam parte da glória divina, nada tendo a ver com nuvens literais ou de vapor de água.
“...todo olho o verá...” Deve ser interpretado de forma literal. Todo o mundo verá o sinal de Cristo e reconhecerá que houve intervenção divina na história.
“...até quantos o transpassaram...” Refere-se ao povo de Israel , que crucificou a Jesus Cristo (o traspassou). Ler Zac 12:10 e Mat 24:30).
1:8 – Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.
“...Eu sou o Alfa e o Ômega...” Nesta parte é Deus Pai quem fala, mas em Apoc 22:13 quem fala é Deus o Filho. É uma menção à doutrina da Triunidade divina, onde características pessoais são simultaneamente atribuídas ao Pai, Filho e Espírito Santo.
“ ...Alfa...” Primeira letra do alfabeto grego. Aplicada a Deus, indica que ele é o criador , originador de tudo. Só existe uma fonte originária da vida: Deus.
“...Ômega...” Esta é a úlltima letra do alfabeto grego . Deus é o alvo, o objetivo final de toda a criação (ver I Cor 8:6). Em Col 1:15 Cristo aparece como o Alfa e o Ômega (nele, por ele, e para ele).
“...todo-poderoso...” No VT Deus apresentou-se a Abrão como o todo-poderoso ( Gn 17:1) Se andarmos distante do mal, ele nos presenteará como Pai.No comentário de Champlin, explica-se quanto ao termo: “No original hebraico temos “El Shaddai”. A palavra hebraica “El” , isolada significa “o forte”. A raiz do vocábulo hebraico “shaddai”, ou seja “Shad”, indica o seio feminino, concluindo que Deus, o Todo-poderoso, em conseqüência de seu poder ilimitado, é o sustentador e doador de toda a necessidade , incluindo a própria vida. A autoridade absoluta está sobre Jeová. Onisciente e soberano sobre tudo e todos, no final triunfará, a despeito da aparente força do imperador Domiciano .Como Todo-Poderoso, a vontade de Deus finalmente se imporá sobre o mal, em todas as suas expressões , sendo uma maneira de abençoar ilimitadamente a quantos a ele se submeterem. Ele é Onipotente e não há limite para o seu poder.
“...que é, que era e que há de vir...” No comentário do versículo 4, estas palavras são atribuídas referindo-se a Deus Pai.
Fontes de pesquisas:
Bíblia Sagrada e outras já mencionadas nos estudos anteriores. Usamos, como material de apoio mais incidente, o Comentário Novo Testamento Interpretado, de Russel Norman Champlin, pela sua abrangência e profundidade.
“...que Deus lhe deu...” Deus, manifestado como Pai, é a verdadeira origem da Revelação. Cristo é o Mediador. A Deus o Pai pertencem os tempos e as épocas (At 1:7; Mc 13:32).
“...para mostrar...” Mostrar para que os homens possam compreender a mensagem da revelação e a realidade do poder de Cristo.
“...servos...” No grego é “doulos”. “escravo”. Refere-se aos crentes dedicados a Deus e seu Cristo . Um escravo pertence ao seu Senhor. Nesse caso, refere-se aos servos “ministros” ou “autoridades” da Igreja responsáveis pela transmissão a outros das revelações recebidas. Mas, por extensão, todos os crentes aqui são considerados como servos.
“...breve..” Era crença que Cristo voltaria já naqueles dias. O próprio João deixou claro em Apc 22:20 “...certamente venho sem demora..” O vidente João ou outro qualquer seguidor primitivo de Cristo não esperava que a história da Igreja se prolongasse tanto. A realidade das visões dadas a João foram tão vívidas, que ele pensou já estar vivendo naqueles dias, dando-lhe um caráter de urgência. As Cartas de Paulo aos Tessalonicenses objetivaram corrigir idéias errôneas sobre a urgência da segunda vinda de Cristo.
“...anjo...” Um mensageiro de Deus especialmente mandado para entregar o recado a João.
“...notificou ao seu servo João...” Privilégio de ser o homem designado para transmitir a mensagem das revelações. Os mistérios são revelados aos mansos, aos puros de coração”.
1:2 – o qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, de tudo quanto viu.
“...o qual atestou...” João, o vidente é visto como o instrumento humano usado para testemunhar a profecia que passaria a ser exposta. Profecia urgente, verdadeira e real. Em Apoc 22:8 e reafirma “”Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas...”
“....palavra de Deus...” Não deve ser entendido como sendo as “ Escrituras” do Velho Testamento, nem como “evangelho”. Esta expressão indica “a palavra desta profecia”, isto é, o livro que passaria a ser revelado.
“...testemunho ...” Um sentido mais apropriado é que Cristo é o Testemunho daquilo que possa ser escrito e o tema central do livro. Ainda, a revelação inteira de Deus, agora sendo confirmada por Cristo em toda a sua extensão.
1:3 – Bem-aventurado aquele que lê e bem-aventurados os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.
“...bem-aventurado...” Do grego “makarios”, significando, basicamente “felicidade física e boa sorte”. Este estado de felicidade é concedido pela ação do evangelho na natureza humana, que vai sendo transformada gradualmente. Este bem-estar é prometido a todos os que não negligenciarem os ensinos contidos no livro revelado, estando familiarizados com a vontade de Cristo, que é o Primeiro e o Último. Existem outras bem-aventuranças que serão comentadas no decurso do estudo (14:13; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7).
Saudação: 1:4-8
1:4 – João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz da parte daquele que é, que era,e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do trono;
“...João...” O autor mais provável do livro é João, o vidente, conforme já destacado na parte de autoria.
“...às sete igrejas da Ásia...” Opina o autor Dennis Allan e com ele concorda Champlin: “ Nos capítulos 2 e 3, encontramos cartas endereçadas aos anjos de sete igrejas na Ásia. Tudo indica que eram igrejas reais que existiam naquela época, mas não eram as únicas igrejas na Ásia no primeiro século. Existiam igrejas em outros lugares na Ásia Meno r(atual Turquia): Trôade (Atos 20:5-7), Colossos (Colossenses 1:1), Hierápolis (Colossenses 4:13). Jesus escolheu sete igrejas, talvez como um número completo e simbólico, que representam as caracterísitcas das igrejas da região. Se o livro for levado de uma outra igreja na ordem das cartas, a viagem seguiria assim (distâncias aproximadas): Partindo de Éfeso, indo 65 km ao norte, chegaria a Esmirna, e seguindo mais 95 km estaria no ponto mais ao norte do circuito, Pérgamo. Daí, seguiria a estrada ao sudeste, passando em Tiatira (70 km de Pérgamo) e continuando mais 50 km até Sardes. Seguindo mais 43 km ao sudeste, estaria em Filadélfia. Aproximadamente a 75 km de Filadélfia, chegaria a Laodicéia, a qual ficava numa rota comercial que voltava para Éfeso, onde esta viagem começou”.
Uma interpretação mais vasta nos permite afirmar que, dentro de uma visão histórica, considerando-se a simbologia do número sete, tais igrejas representam também:
a) igreja universal; b) proféticamente, sete estágios da história da igreja cristã até ao tempo da segunda vinda de Cristo;
c) suas condições espirituais das igrejas cristãs em qualquer época da história(interpretação profética):
I- Éfeso (era apostólica)
II – Esmirna (era de perseguições até 316)
III – Pérgamo (era do favor imperial, 316-500)
IV – Tiatira (era da escuridão espiritual, 500-1500)
V – Sardes( tempo da Reforma - 1500-1700)
VI – Filadélfia ( era das missões modernas – 1700-1900)
VII – Laodicéia (era da igreja apóstata - 1900.....)
“...graça e paz...” Uso comum de saudação nas cartas de São Paulo. Cristo nos instruiu a vivermos plenamente a paz que ele oferece.
“...da parte daquele que é, era e que há de vir....” Russel comenta apropriadamente: “ isso se afasta radicalmente das saudações paulinas. Nelas a graça e a paz são atribuídas a Deus Pai, e ao Senhor Jesus Cristo. Aqui, são atribuídas a Deus Pai, o Alfa e o Ômega de toda a criação, eterno, pois ele sempre foi vivo, porquanto “é” e “será” e também são atribuídas ao Filho, nosso Senhor”. Acrescenta mais: “ ...os leitores originais viviam uma época em que os súditos romanos deveriam adorar ao imperador; em caso contrário, eram acusados de traição”.
“...que é...” Refere-se a Deut 32:39 “Eu sou aquele que é, que era e que será; e não há outro Deus além de mim”. É uma extensão das qualificações de Jeová, aplicáveis a Jesus Cristo, o Filho ( Hb 7:3). Cristo é a imagem de Deus ( Col 1:15). Ele é o Conquistador da morte, ou seja, o doador da vida eterna (João 5:25,26).
“...que era...” A eternidade passada de Cristo, que é, como exposto em João 1:1-2 , tão eterno quanto o Pai. A trindade possui atributos associados ao Pai, Filho e Espírito Santo: “eram”, “são” e “serão”.
“...que há de vir...” Isto é, a eternidade futura, estabelecida quando da segunda vinda de Cristo quando sua glória será retratada diante de todos os homens .
“...da parte dos sete Espíritos...” Possíveis idéias: a) Seriam anjos, chamados de “poderes cósmicos”, sujeitos ao controle e ordens de Cristo; b) Seria uma referência às qualificações que compõem o Espírito de Deus, contidas e referenciadas em Isaías 11:2; c) Seria uma ordem “diferente” de criaturas celestiais, diferentes dos arcanjos, presentes na visão em Apoc 4:4-6; d)Ainda outros argumentam que seria uma alusão mística simbólica à pessoa de Cristo, sem se considerar quaisquer seres literais; e) É porém bem mais possível crer que João quis indicar que todos os poderes celestes ( o número sete significando totalidade) estão sob o controle e a autoridade de Cristo .
“...diante do seu trono...” Nas mais elevadas posições celestes, significando sua autoridade e glória.
1:5 e da parte de Jesus Cristo, que é fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da terra. Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados.
“...Jesus...” O Salvador ( Mt 1:21). Somos salvos dos pecados e seus efeitos mais danosos ; salvos da destruição, isto é, da não salvação ou ausência de filiação a Deus.
“...Cristo...” Uma combinação das naturezas divina e humana . Nossa filiação a ele nos permite também participar de sua natureza divina (Mt 1:16; Mc 1:1; I João 4:3)
“...testemunha fiel...” Transmite fielmente a sua mensagem, falando a verdade, revelando a verdade, sem jamais desviar-se de seu propósito. Revela fielmente as coisas que haveriam de acontecer .
“...primogênito dos mortos...” O texto de Col 1:18 confirma esta qualificação de Cristo. Como homem Cristo foi ressuscitado pelo Espírito Santo, sendo o primeiro homem a participar da forma de vida divina. Sendo o primogênito, foi o primeiro de toda de uma raça de regenerados. A lição, para a igreja perseguida, era para que fosse fiel até a morte, e, como recompensa a coroa da vida.
“...soberano(Príncipe) dos reis da terra...” Cristo é o Senhor sobre todos os reis da terra. Os cristãos perseguidos eram forçados a cultuarem o imperador. Cristo ressuscitado, passou a ocupar uma posição superior aos imperadores romanos, tanto em glória como em poder ( Fil 2:9-11).
“...nos ama e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados...” Cristo exerceu uma missão salvadora.
“...pelo seu sangue...” Comenta Russel C: “ a) Interpretando literalmente - Os povos antigos pensavam que o sangue da vítima ficava automaticamente carregado com o poder do deus sobre cujo altar era sacrificada . Quando esse sangue tocava em algo, transmitia o poder e a virtude de tal Deus através de meios mágicos; b) Simbolicamente, representa a morte de Cristo e seus efeitos; c) Místicamente, O sangue de Cristo, nos dando a idéia de sua morte, revela-nos que, em contato com o Espírito Santo, o valor e os efeitos da morte de Cristo tornam-se nossos. Ele purifica as nossas vidas de todo o pecado, nos dando vitória sobre atos pecaminosos.
“...libertou.,..” Éramos escravos do pecado mas agora nos temos tornado escravos da justiça.
“...dos nossos pecados...” A palavra grega usada aqui é amartia, que significa errar o alvo, mas em geral abrange todos os tipos de vícios e faltas. Pecar é afastar-se para longe do caminho da retidão, por isso erramos o alvo final .
Para as Igrejas da época (locais), a vitória da cruz de Cristo representou uma palavra de ânimo aos crentes perseguidos. Não existe fidelidade sem fé e a fé no Filho de Deus, o rei vitorioso, apesar das perseguições cruéis.
1:6 - e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amem.
“...nos constituiu reino...” Há referência aqui à promessa feita em Êxodo 19:6 de que seu povo, Israel, liberto da escravidão egípcia, tornar-se-ia um reino de sacerdotes, uma nação santa (teocracia). Já para o Israel espiritual, a Igreja, o sacerdócio seria no domínio celestial. Cada remido, um rei. Cada remido, um sacerdote. Dá a entender, que o Israel que surgiu com a Igreja, representará um reino de reis que também serão, cada um, sacerdotes.
“...sacerdotes...” Coletivamente, temos no Novo Israel um reino. Individualmente, seus membros são todos sacerdotes. No comentário de Russel C, é interessante a afirmativa de que, no antigo Israel, cada família possuía um sacerdote. Posteriormente, a ação sacerdotal passou a ser exercida por uma única tribo (Levi). Já nova ordem, todos os crentes se tornam sacerdotes, pois, pelo evangelho, foi garantido acesso superior a Deus .
“...Deus...” É o ser criador que existe e se faz presente na vida de sua criação , recompensando ou punindo, intervindo, se interessando pelas vidas humanas (teísmo).
“...Pai...” Como filhos de Deus recebemos todas as bênçãos espirituais, tornando-nos, no estado eterno, participantes de seus atributos ( Ef. 3:19)
“...a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos....” Tudo o que se refere ao Pai, também se refere ao Filho (ler Dan 7:13,14). Os crentes da Ásia Menor e do império romano viviam em perigo constante de vida. O autor relembra, nesta expressão, que no final o poder do mal seria terminado, restando a adoração a quem pertence de fato e de direito ( I Ped 4:11; Jud 25)
“...Amém...” Assim seja, ou : é assim. Vem da palavra hebraica amen.
1:7 – Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.
“...vem com as nuvens...” É uma referência à segunda vinda de Cristo.Alguns pensam que se tratam de nuvens literais e outros pensam que se trata de uma figura. Dizem ainda que seriam os inúmeros exércitos celestiais composto de crentes arrebatados algum tempo antes e que descerão ao mundo juntamente com Cristo.
Opiniões à parte, a verdade é que a inspiração para o vidente foi extraída de Daniel 7:13, onde se lê: “ Eu estava olhando nas minhas visões da noite , e eis que vinha com as nuvens do céu um como Filho do homem...” Na opinião do comentarista Lange “...as nuvens são um símbolo material da presença divina, do mistério divino , parcialmente revelado e parcialmente coberto.” (Mat 24:30). Na história bíblica do VT Jeová se manifesta na nuvem brilhante, chamada pelos judeus de SHEKINAH, ou através de nuvens visíveis como no deserto do Sinai. A opinião mais possível é de que essas nuvens façam parte da glória divina, nada tendo a ver com nuvens literais ou de vapor de água.
“...todo olho o verá...” Deve ser interpretado de forma literal. Todo o mundo verá o sinal de Cristo e reconhecerá que houve intervenção divina na história.
“...até quantos o transpassaram...” Refere-se ao povo de Israel , que crucificou a Jesus Cristo (o traspassou). Ler Zac 12:10 e Mat 24:30).
1:8 – Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.
“...Eu sou o Alfa e o Ômega...” Nesta parte é Deus Pai quem fala, mas em Apoc 22:13 quem fala é Deus o Filho. É uma menção à doutrina da Triunidade divina, onde características pessoais são simultaneamente atribuídas ao Pai, Filho e Espírito Santo.
“ ...Alfa...” Primeira letra do alfabeto grego. Aplicada a Deus, indica que ele é o criador , originador de tudo. Só existe uma fonte originária da vida: Deus.
“...Ômega...” Esta é a úlltima letra do alfabeto grego . Deus é o alvo, o objetivo final de toda a criação (ver I Cor 8:6). Em Col 1:15 Cristo aparece como o Alfa e o Ômega (nele, por ele, e para ele).
“...todo-poderoso...” No VT Deus apresentou-se a Abrão como o todo-poderoso ( Gn 17:1) Se andarmos distante do mal, ele nos presenteará como Pai.No comentário de Champlin, explica-se quanto ao termo: “No original hebraico temos “El Shaddai”. A palavra hebraica “El” , isolada significa “o forte”. A raiz do vocábulo hebraico “shaddai”, ou seja “Shad”, indica o seio feminino, concluindo que Deus, o Todo-poderoso, em conseqüência de seu poder ilimitado, é o sustentador e doador de toda a necessidade , incluindo a própria vida. A autoridade absoluta está sobre Jeová. Onisciente e soberano sobre tudo e todos, no final triunfará, a despeito da aparente força do imperador Domiciano .Como Todo-Poderoso, a vontade de Deus finalmente se imporá sobre o mal, em todas as suas expressões , sendo uma maneira de abençoar ilimitadamente a quantos a ele se submeterem. Ele é Onipotente e não há limite para o seu poder.
“...que é, que era e que há de vir...” No comentário do versículo 4, estas palavras são atribuídas referindo-se a Deus Pai.
Fontes de pesquisas:
Bíblia Sagrada e outras já mencionadas nos estudos anteriores. Usamos, como material de apoio mais incidente, o Comentário Novo Testamento Interpretado, de Russel Norman Champlin, pela sua abrangência e profundidade.